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Postado 6 de maio de 2011

Melhorias na rede de saúde bucal são discutidas em evento

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Segundo levantamento realizado pela Pesquisa Nacional de Saúde Bucal, desenvolvida pelo Ministério da Saúde, 35% da população brasileira possui alguma disfunção que necessita de tratamento ortodôntico. O Governo Federal pretende investir, em 2011, mais de R$ 134 milhões em novos procedimentos odontológicos. Por outro lado, dados do Grupo Auxiliar de Saúde Bucal da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) revelam que, por exemplo, 56% dos idosos potiguares não possuem dentes.

Esses e outros assuntos foram discutidos na mesa redonda “A odontologia e as redes regionalizada e hierarquizada de atenção: a importância da organização da atenção básica, média e alta”, coordenada pela presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Norte (Cosems/RN), Solane Costa, durante o 2º Ciclo de Atualização Científica da Grande Natal e 1ª Região de Saúde, promovido pelo Conselho Regional de Odontologia (CRO/RN). As discussões ocorreram na tarde desta sexta-feira (6) no hotel Praiamar, em Natal, e também contaram com representantes do Conselho Nacional/Estadual de Saúde, da Secretaria Municipal de Saúde de Natal e do Sindicato dos Odontologistas do Rio Grande do Norte.

Para Solane Costa, o Brasil tem como conquista o avanço da assistência de saúde bucal nos últimos dez anos, mas amarga mais de 500 anos de descaso na saúde como um todo. “Essa discussão promovida pelo CRO/RN proporciona a chance de contextualizar os avanços da área, as principais problemáticas e as necessidades para que o serviço avance. Para buscar essa melhoria, o primeiro passo é dialogar para dividir opiniões e impressões”, comentou a presidente do Cosems/RN.

O representante da Coordenação de Saúde Bucal do Ministério da Saúde, Moacir Junior, apresentou os resultados da Política Nacional do setor, viabilizada por meio do programa Brasil Sorridente. A iniciativa atua em todos os estados do país, junto à estratégia do Programa Saúde na Família (PSF). Segundo Moacir, o foco do programa é ampliar a rede de atendimento e oferecer aos municípios condições básicas de atendimento odontológico para a população. “Para as regiões mais carentes, onde ainda não há os Centros Especializados de Odontologia (CEOs), enviamos 51 Unidades Odontológicas Móveis em 2010. Para 2011, a meta é operar com mais 100 novas Unidades”, anunciou.

Para a representante do Grupo Auxiliar de Saúde Bucal da Sesap, Cláudia Frederico, a assistência odontológica ainda precisa avançar muito no Rio Grande do Norte. Ela reforça que o fator preocupante é a perda precoce da dentição ainda na infância. No RN, o atendimento público odontológico tem como porta de entrada o PSF, mas ainda não é suficiente. “Precisamos sim, avançar em números de atendimentos e em resultados, mas é fundamental primar pela qualidade do serviço prestado à população”, esclareceu.

A coordenadora de Saúde Bucal da Secretaria Municipal de Saúde de Natal, Vera Castro, relatou que, na capital, 37 unidades do PSF contam com a Estratégia de Saúde Bucal (ESB) e três CEOs em funcionamento nas zonas Norte, Leste e Oeste até 2006. Vera recordou no referido ano, o município alcançou o maior pico de atendimentos odontológicos, somando mais de 77 mil procedimentos. “Com o fechamento do CEO Morton Mariz, perdemos muito em cobertura. No levantamento de 2010, foram efetivados apenas 44 mil procedimentos. Como a previsão da Prefeitura é de que o espaço seja reaberto em junho, esperamos que esse número cresça significativamente”, detalhou.

O momento do debate foi introduzido pelo presidente do Sindicato dos Odontologistas do RN, Ivan Farias, que ressaltou a união da classe para promover a melhoria da estrutura da saúde bucal em todo o Estado. O representante da Confederação dos Trabalhadores em Seguridade Social da Central Única dos Trabalhadores no Conselho Nacional de Saúde (CNS), Francisco Batista Junior, também participou como ativador do debate e lembrou os avanços conquistados nos últimos oito anos para a saúde bucal.

Para ele, um dos maiores entraves para a expansão do serviço público é o financiamento para a viabilização dos CEOs, que atualmente é assumido exclusivamente pelos municípios quando, para ele, deveria ser compartilhado pelos três níveis de governo – municipal, estadual e federal. “A condição do profissional de saúde bucal também está precária nas relações de trabalho e na remuneração. É preciso planejar a Política Nacional não de acordo com o número de equipes já existentes, mas sim a partir da demanda de cada região”, frisou.

A programação do 2º Ciclo de Atualização Científica da Grande Natal e 1ª Região de Saúde durou dois dias e foi voltada para equipes de saúde bucal, como cirurgiões-dentistas, técnicos e auxiliares em saúde bucal e técnicos em prótese dentária.