Ao longo dos últimos dez anos, o número de postos de emprego formal criados
para médicos ultrapassa em 54 mil o de graduados no País. De 2003 a 2011,
surgiram 147 mil vagas neste mercado de trabalho, contra 93 mil profissionais
formados, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
(Caged).
A este quadro de carência de profissionais, soma-se a perspectiva de
contratação de 26.311 médicos para trabalhar nas unidades do Sistema Único de
Saúde (SUS) cuja construção está sendo custeada com recursos do Ministério da
Saúde até 2014.
Com estes dados, o Brasil tem 1,8 médico para cada mil brasileiros, índice
abaixo de outros latino-americanos como Argentina (3,2) e México (2). Para
igualar-se à média de 2,7 médicos por mil habitantes registrada na Inglaterra,
em cujo sistema de saúde se inspirou o Sistema Único de Saúde (SUS), o Brasil
precisaria ter hoje mais 168.424 médicos.
Este déficit, que é um dos principais gargalos para ampliar o atendimento no
SUS, está sendo enfrentado por medidas do Governo Federal para levar mais
médicos para perto de onde as pessoas vivem. Entre estas ações destaca-se o
Programa de Valorização da Atenção Básica (Provab), que oferece bolsa mensal de
R$ 8 mil e bônus de 10% na prova de residência aos médicos participantes do
programa.
“O SUS agora tem três desafios: financiamento, esforço da gestão
compartilhada — federal, estadual e municipal — e a oferta de qualidade e
quantidade de profissionais de saúde para a dimensão de um país como o nosso. A
solução não é só trazer médicos estrangeiros. Essa é só uma parte da solução.
Precisamos também abrir vagas de graduação, formar mais especialistas e
continuar investindo em infraestrutura”, afirmou o ministro durante o evento em
Belo Horizonte (Minas Gerais), nesta quinta-feira (23), onde apresentou balanço
do Provab na região Sudeste.
Neste ano, a população de 333 municípios dos estados de Minas Gerais, São
Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo recebeu 821 médicos a mais nas Unidades
Básicas de Saúde (UBS) – contingente que só deu conta de atender 32% da demanda
por 2.519 por profissionais apresentada pelos municípios da região Sudeste.
Em todo o Brasil, são 3.800 participantes, em 1.307 municípios, o equivalente
a 29% da necessidade apontada para contratar 13 mil profissionais. Na edição
deste ano do programa, o Sudeste foi a segunda região do país que contou com
maior número de médicos e participantes, atrás apenas do Nordeste. Minas Gerais
é o estado do Sudeste com maior número de participantes: são 398 profissionais
em 182 municípios. Em São Paulo, são 186 médicos em 91 municípios; no Rio de
Janeiro, 148 profissionais em 32 cidades. E no Espírito Santo, 89 médicos em 28
municípios. A região Nordeste foi a que contou com o maior número de médicos e
municípios participantes. Ao todo, são 2.241 profissionais em 645 cidades.
Em todo país, a região Nordeste foi a que contou com o maior número de
médicos e municípios participantes, são 2.241 profissionais em 645 cidades. Em
seguida vem o Sudeste com 821 médicos em 333 cidades; o Centro-Oeste, que
recebeu 227 médicos em 91 cidades e o Norte, que recebeu 199 profissionais em 86
municípios.
“O PROVAB se consolida como algo que olha para o processo de formação do
médico, e se potencializa na formação de especialistas para o melhor atendimento
à população”, disse o secretário de Gestão Estratégica do Trabalho e da Educação
na Saúde do Ministério da Saúde, Mozart Salles durante a apresentação do balanço
do Provab em Belo Horizonte.
“Esperamos que essa ‘sedução’ do médico que o Provab faz gere frutos. Quem
sabe o SUS consiga fazer os médicos entenderem que a atenção básica é, sim, uma
atenção complexa e essencial”, declarou o secretário de Saúde de Minas Gerais,
Antonio Jorge de Souza Marques.
(Fonte: http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/noticia/10955/162/nos-ultimos-dez-anos-brasil-%3Cbr%3Etem-deficit-de-54-mil-medicos.html)